quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Semana do José Diogo


A LENDA DA CANDOSA


Uma das muitas lendas sobre o Cerro da Candosa, diz-nos que nos tempos em que os Mouros andaram por estas terras, teria vivido nelas, um Mouro que se tornou Cristão e se fixou na “Várzea”. Este vivia da caça, da pesca, apanhava castanhas, trabalhava a terra e procurava ouro, nos rios Ceira e Sótão. Porém, a sua vida de abundância e de tranquilidade “atraiu a inveja” de outros mouros. Vendo que era impossível expulsá-lo daquelas terras, resolveram pôr em prática o seguinte plano, isto é, inundar o vale. Para tal pediram a todos os mouros que viviam no vale, para fazer com que as águas dos dois rios se juntassem no “Cabril”. Trabalhavam desde o nascer até ao pôr-do-sol, sem nunca pararem, tentavam fazer um dique. Utilizavam bois para puxar as enormes pedras (calhaus) que iam sobrepondo umas sobre as outras. Finalmente, uma grande parte da “barragem” já estava construída, o que queria dizer que estavam no “bom caminho”, e assim, desta vez, iriam atingir os seus objectivos, isto é, barrar, finalmente, a passagem da água. Os mouros não trabalhavam às sextas-feiras. Desde modo, regressaram, todos, a casa, para descansar. No dia seguinte voltaram ao trabalho, porém, ao chegarem junto da “barragem” viram que esta tinha desaparecido. Ofendidos os Mouros meteram mãos à obra, com o fim de reconstruírem a dita barragem. Trabalharam muito e durante muitos dias. A obra estava tão perfeita, que parecia ser impossível destrui-la. Porém, mais uma vez, numa noite, quando todos estavam a dormir, o encarregado dos Mouros teve um sonho. Neste, via a barragem, novamente, destruída. Acordou e correu, apressadamente, para fora de casa, para ver o que realmente se passava. Então, verificou, mais uma vez, que a “barragem” tinha desaparecido. Mais uma vez os mouros não desistiram e, pela terceira vez, meteram mãos à obra. Porém, o encarregado mouro teve um sonho. No seu novo sonho viu uma Senhora sentada num burro, no cimo do “dique”. Quando o pequeno burro começou a caminhar, as pedras caíram e o dique desfez-se. Acordou do sonho, e correu para o exterior. À sua frente ali estava ela, tal como no seu sonho. Ele tentou correr em direcção a ela, mas, como paralisado, não foi capaz de mexer nem as suas pernas nem os seus braços. Quando, finalmente, estava livre daquela paralisação correu para o local onde a Senhora passou e viu as pegadas do casco do burro, gravadas na pedra, que ainda hoje lá estão. Mas os Mouros não desistiram. Repetidas vezes recomeçaram a construir o seu dique, e repetidas vezes a Nossa Senhora aparecia no seu burro e destruía-o. Finalmente, o encarregado Mouro procurou o Cristão e disse-lhe: “Tentei tudo que podia para destruir-te. Mas Tu Fostes Protegido. Deixa-nos fazer as pazes ...”

JOSÉ DIOGO



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